Alimentar-se bem é mais do que ingerir nutrientes: a comida carrega memórias e emoções. Veja como a alimentação pode ajudar na rotina Pós-Covid e como enxergar as refeições de forma positiva
“Somos o que comemos”. A frase é tão famosa quanto antiga. Ela foi criada pelo pai da medicina, Hipócrates, na era antes de Cristo. A citação não poderia ser mais atual. A alimentação é uma necessidade biológica, mas também atua diretamente nos nossos hábitos de vida, no nosso bem-estar e na maneira como nos relacionamos com os outros e com nós mesmos.
Alimentar-se bem traz benefícios para a saúde como um todo e é fundamental para a nossa felicidade. Em tempos de pandemia de Covid-19, a alimentação é ainda mais importante: ela pode ser aliada para desenvolvermos uma rotina mais saudável no retorno das atividades presenciais e ser um instrumento de melhoria na qualidade de vida.
Rotina Pós-Covid com saúde
A alimentação age no nosso corpo e mente. Com a retomada de algumas ações presenciais e no cenário Pós-Covid, comer bem pode ajudar (e muito!).
Veja dicas de como cuidar da alimentação e deixar o dia a dia mais saudável:
Organize sua alimentação
Estamos vivendo mudanças desde o início da pandemia. A organização da nossa rotina interfere diretamente no que comemos. Por isso, a primeira dica é: planeje sua alimentação!
“Isso faz toda diferença para você comer alimentos mais saudáveis na rotina corrida. Organize seus lanches para levar para o seu trabalho ou aula. Essas pequenas refeições são importantes para evitar comer em grande quantidade no almoço e no jantar”, destaca a nutricionista do Sesc Lajeado, Juliette Carvalho.
Compre os alimentos com consciência
Vai ao supermercado? Tenha em mãos o que você precisa comprar e use uma lista com os itens necessários. Isso vai ajudar a focar nos alimentos mais nutritivos e evitar excessos. Nunca faça compras com fome, é uma armadilha!
Cozinhe!
“Tire um tempo para preparar suas refeições, isso te aproxima mais da comida, além de ajudar o seu corpo na preparação para a digestão”, afirma Juliette.
Ela explica que, quando cozinhamos, o nosso corpo já vai se preparando para começar a fazer a digestão, pois usamos nosso tato, olfato e paladar. Para quem ainda não tem esse hábito, cozinhar pode se tornar uma atividade prazerosa e contribui mais para a saúde do que qualquer dieta milagrosa.
Também é uma oportunidade de sentir sabores que remetem a lembranças do passado e de manter vivas as tradições e as memórias da família.
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Mindful eating
Você já ouviu falar em midnful eating? Essa técnica pode ajudar a estabelecer uma relação mais positiva com a sua alimentação.
Mindful eating significa comer com atenção plena. “É estar presente com o alimento e desenvolver recursos para lidar com as distrações que surgem na hora que nos alimentamos. É perceber os sabores, aromas, texturas, mas também as distrações e os sentimentos presentes no momento da alimentação e acolher tudo isto, sem julgamentos”, afirma a coordenadora de Nutrição do Sesc/RS, Claudia Rodrigues Pacheco.
Assim, uma dica é fazer as refeições à mesa, longe do celular e da televisão. Se você tem o costume de comer com a TV ligada, por exemplo, troque por uma música. Focar na refeição que você está comendo faz com que você coma mais devagar e em menor quantidade.
Pratique comer com atenção
Por isso, a dica é: Faça suas refeições com atenção total, sem julgamentos, sem culpa e sem crítica.
De acordo com a nutricionista Juliette Carvalho, ao comer com atenção plena, você está ciente de seus sentimentos e mecanismos de pensamento: “É importante estar presente no momento da refeição e realmente apreciar cada pedaço de comida. Alimentar-se de maneira consciente ajuda a se relacionar melhor com a comida”.
Da alimentação para a autocompaixão
Durante a pandemia, muitas pessoas relatam comer de forma exagerada, aumento do consumo calórico e até descontrole no que diz respeito à alimentação. Conforme o nutricionista João Motarelli, estudos têm mostrado que esse cenário é decorrente do comer emocional:
“É comer em resposta a emoções, como tédio, raiva, tristeza. Sabemos que restringir a alimentação nesse momento pode ser muito duro para as pessoas. Isso não vai ajudar o indivíduo a lidar com as emoções”, destaca.
Menos julgamento
Os hábitos alimentares, muitas vezes, são carregados de culpa. Quantas vezes você já ouviu frases como: “isso é ruim, engorda”, “chocolate faz mal” ou “só comer arroz integral”? Tudo isso depende de um equilíbrio e, mais que isso, da forma com que nos relacionamos com a comida.
A autocompaixão é uma prática que pode ajudar a evitar julgamentos. “Se eu julgo o alimento, isso não faz com que eu não coma esse alimento. Faz com que eu coma e acabe me sentindo mal e culpado. Então o primeiro passo é não julgar a comida e olhar de uma forma muito gentil e amável para si mesmo”, reforça Motarelli.
Seja bondoso com você mesmo
A autobondade é um dos componentes da compaixão. Significa interromper os julgamentos e comentários depreciativos internos e compreender nossas fraquezas, ao invés de condená-las. Ou seja, a autobondade instiga a olhar com carinho para nossos limites e transformar as autocríticas em conhecimento.
“Se alguém que você ama muito tem a mesma sensação que você, chegasse para você e falasse: ‘eu tenho comido mais ultimamente porque estou ansioso com a pandemia, triste e chateado’, o que você diria para essa pessoa? Talvez você diria que é um momento difícil e vai ficar tudo bem. Mas será que você consegue falar dessa mesma forma consigo mesmo? Será que consegue desenvolver uma forma gentil e amável de se relacionar consigo no momento que estamos vivendo?”, destaca Motarelli.
Saúde para a felicidade
Para falar sobre essas questões e propor uma visão positiva sobre a saúde, o Sistema Fecomércio-RS/Sesc realiza o evento on-line e gratuito Saúde para Felicidade, nos dias 3, 4 e 5 de agosto. O ciclo de palestras será transmitido no canal do Sesc/RS no YouTube e propõe a adoção de novas perspectivas e condutas no período pós pandemia, promovendo informação, cuidados e esperança para o início de um novo ciclo.
O nutricionista João Motarelli, que colaborou com o conteúdo deste post, é um dos palestrantes confirmados. Além dele, participam o infectologista André Siqueira, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/ Fiocruz), e a psicóloga Carla Furtado, fundadora do Instituto Feliciência, centro de formação sobre temas como bem-estar, falará sobre saúde mental, felicidade, liderança e sustentabilidade.
Mais informações podem ser obtidas no site https://conteudos.sesc-rs.com.br/saude-para-felicidade. No mesmo link, é possível se inscrever para receber conteúdos sobre o evento.