O que se pode aprender com a mistura de gerações? Idosos gaúchos dão suas dicas de como viver bem em qualquer idade
A pandemia fez todo o mundo “aprender” a enfrentar o isolamento social. E não teve outro jeito de conter a propagação do novo coronavírus. Os idosos estavam, em grande parte do tempo, no foco das pessoas que mais precisavam ser protegidas, eram o grupo de maior risco. E o que eles fizeram? Deram a volta por cima!
“Enquanto a vacina não chegava, ficar em casa e em distanciamento social foi a nossa barreira mais protetora. E foi neste momento que mais precisamos cuidar uns dos outros. O que vivemos foi um caldeirão fervilhante de emoções. Ou seja, um desafio para o equilíbrio da nossa saúde mental”, diz a coordenadora do Trabalho Social com Idosos no Sesc/RS, Michele Bittencourt, ao lembrar que o período foi superado e hoje o que se vê são pessoas ainda mais unidas e dispostas.
Mais do que nunca, vivemos uma mistura de gerações
Você sabia que a expectativa de vida aumentou 20 anos em apenas meio século? Este dado é da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS. Ela lembra ainda que a sociedade e a tecnologia avançaram mais rápido do que a vida de uma única pessoa ou de uma geração.
A OPAS fala ainda em curso da vida saudável e lembra que a conquista da saúde universal é afetada por complexidades e desafios bem particulares e acentuados pelas diferentes trajetórias de vida das pessoas. Note que as ciências da saúde e a prática da saúde pública tiveram que evoluir e precisarão continuar evoluindo para alcançar a saúde universal em um mundo com necessidades, desafios e possibilidades em constante mudança.
Entre 1995-2019, a expectativa de vida aumentou de 72 para 77 anos nas Américas. Em algumas décadas, haverá mais pessoas mais velhas do que meninos e meninas no mundo, aponta também a OPAS.
Pensando no bem-estar dos idosos
O trabalho do Programa Maturidade Ativa Sesc, que tem mais de 18 anos de atuação no RS, foi intensificado desde o início de 2020 com a chegada da pandemia. A criatividade foi fundamental para dar conta do cenário. Michele lembra que “fizemos muitas reuniões, nos organizamos em grupos de trabalho, tudo para manter o vínculo social com os idosos e adaptar ao máximo as atividades que sempre fizemos com muita proximidade”.
“É muito bacana recordar que fizemos um grande coletivo de ideias, possibilidades e experiências. Tudo para minimizar ao máximo os impactos da crise mundial de saúde que se instalou. Criamos um portfólio de atividades que ajudou bastante os idosos e foi adotado inclusive pelo Governo do RS”. Clique aqui e acesse as dicas na íntegra.
Dicas para a família toda
Invista na amizade: Faça um sorteio virtual. Após cada um saber quem é o seu “amigo”, estabeleça algumas orientações: estipule tempo de duração (3, 4, 5 dias); faça uma ligação para seu amigo, tentando conhecer um pouco mais, descobrir algo que não sabe, estabelecer uma conexão; confeccione um presente feito em casa para ser entregue no primeiro encontro presencial que tiverem; no último dia, com tudo que descobriu e percebeu sobre seu amigo, escreva um cartão, uma carta, um bilhete, descrevendo o sentimento de ter compartilhado essa linha da amizade por esses dias e deixe uma mensagem positiva. A ideia aqui é exercitar os bons relacionamentos.
Tomara que você volte depressa… A canção de Vinícius de Moraes se encaixa bem no que estamos falando e é uma das dicas de atividades do portfólio. Aproveite a letra:
“A partir de ações como estas, muitas outras foram sendo construídas e uniram mesmo quem tinha dificuldade de se adaptar às tecnologias. O nosso objetivo foi e é manter os idosos ativos, com suas condições cognitivas bem preservadas. E estes exercícios, estes contatos, nos permitiram isso mesmo nos piores momentos de enfrentamento à Covid-19”, comenta Michele.
Iolanda de Lemos Pinto (64 anos) é do grupo de Uruguaiana e confirma: “Estou sempre comentando com as pessoas para que venham para o Sesc! Pois aqui, além das atividades físicas, encontramos oficinas de artesanato, pintura, canastra e damos muita risada, nos divertimos com as amizades feitas aqui. É como se fosse minha segunda família”.
Por falar nisso…
Que tal esta foto da Maria Cristina dos Santos, de 68 anos, com o Sesquito? Ela é do Chuí, divisa com o Uruguai, e fez questão de deixar seu relato: “Todos têm que se preocupar com a saúde, ainda mais em uma certa idade, cuidar da alimentação, fazer exercícios, nada de ficar parado chorando as mágoas (risos)”.
Ela faz parte do Programa Maturidade Ativa Sesc há 5 anos e não abre mão disso. Por quê? Ela explica: “O momento mais feliz em minha vida é quando vou ao Sesc, eu adoro, me sinto bem e acredito que todo grupo se sente desta forma. Lá é lugar de sorrisos, abraços, emoções e de se sentir bem”. Atenção ao que complementa Maria Cristina:
“Importante é cuidar-se sempre, manter boa a qualidade de vida, sentir-se bem com a mente e o corpo”
Dica de ouro não só para idosos
É de Viamão mais uma dica de ouro de hoje: “Entendo que saúde não depende de idade, todo o ser humano tem que preservar e cuidar de sua saúde e, além de se exercitar, estar bem consigo mesmo já é uma forma de se cuidar. Por isso recomendo o Sesc como centro terapêutico de saúde. Eu gosto de tudo, mas principalmente de yoga”, diz Zair Goularte Maciel, de 71 anos.
E esporte, pode?
Com certeza! Para quem quer mais ânimo e disposição, Silverio Comin (71 anos), de São Sepé, recomenda: alongamento e os jogos de câmbio (vôlei adaptado). “É muito importante esta volta das atividades! Conversar, dar gargalhadas, sair um pouco de casa, eu estava sentindo muita falta e meus colegas, acredito que também. As pessoas de idade não podem ficar só em casa paradas. Elas têm que ocupar a cabeça e fazer muita atividade física (claro, desde que a saúde da pessoa permita). Com certeza, assim ganhamos anos de vida e também de qualidade de vida!”.
Sobre poder sair de casa e voltar à rotina? Iolanda, de Uruguaiana, complementa: “Rir e praticar exercícios para ter uma melhor qualidade de vida, conhecer pessoas e fazer amizades, isso nos livra da depressão e nos faz viver mais feliz. Aqui no Sesc, criamos vínculo com outras pessoas, fazemos amizade, cuidamos do nosso físico, espírito e mental com o auxílio dos professores”, completa Iolanda, de Uruguaiana.
Coloque a mão na massa
Em Frederico Westphalen, Marciria de Oliveira Dalla Nora (89 anos) fez isso! Foi uma das pessoas que ajudou a fundar o grupo do Sesc na cidade. Ela ajudou a organizar as primeiras reuniões e se diz orgulhosa: “Somos um grupo alegre e receptivo, que quer viver bem e ver outras pessoas bem também!”
O que a Marciria quer, agora que os encontros presenciais estão voltando? “Sempre viajei com o Sesc e quero continuar a viajar muito ainda!”. E o recado final é para todas as gerações:
Saiba mais sobre as opções de bem-estar e saúde para todas as gerações, acessando www.sesc-rs.com.br.
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