A pandemia de Covid-19 aumentou o índice de brasileiros com transtornos de ansiedade. Saiba como identificar os sintomas e confira dicas de como enfrentar os momentos de crise
Medo do contágio, distanciamento das pessoas queridas, crise econômica, luto: a pandemia de Covid-19 trouxe várias questões que há mais de um ano interferem na rotina e na saúde mental das pessoas. A convivência com esse cenário e a tensão diária podem causar distúrbios do sono, elevar o nível de estresse, provocar angústia e aumentar a irritação, tornando a ansiedade um sentimento cada vez mais recorrente.
Mais do que isso, crescem os relatos de transtornos de ansiedade, depressão e outras enfermidades para a saúde mental. Mas, em tempos de tantas incertezas, como lidar com os sentimentos ruins e identificar um possível sintoma que requer diagnóstico e tratamento especializado?
Vamos aos dados
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde entre abril e maio do ano passado mostrou que a ansiedade foi o transtorno mais citado no período. Ao todo, 86,5% dos entrevistados relataram sofrer com o problema.
Outro levantamento, divulgado pelo Instituto Ipsos em junho de 2020, apontou que, de 16 países, o Brasil é o país que mais apresenta ansiedade como resultado da pandemia: quatro em cada 10 brasileiros (41%) têm experimentado algum nível do distúrbio.
País mais ansioso do mundo
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o problema não é uma novidade para os brasileiros: um estudo divulgado em 2019 aponta o Brasil como o país mais ansioso do mundo: 18,6 milhões de pessoas (ou 9,3% da população) convivendo com o transtorno.
O agravante é que, durante a pandemia, surgiu um novo fator que acentuou a situação: a incerteza sobre o futuro.
“Tanto nos estudos que tenho acompanhado quanto nos atendimentos, o que se percebe é a questão da incerteza, do que vai ser daqui pra frente. A insegurança diante do futuro e as questões de trabalho e família nesse cenário deixam os sentimentos muito mais intensos, e algumas pessoas não estão conseguindo dar conta dessas emoções”, informa a psicóloga do Sesc Lajeado, Brenda Borges Schmitt.
Sensação x transtorno de ansiedade
Brenda alerta que, apesar de ser algo natural, a ansiedade pode atingir níveis que exigem atendimento especializado diante do cenário de incerteza desde o início da pandemia. Mas como saber que a ansiedade passou de uma sensação normal para uma crise e precisa ser tratada?
A psicóloga explica que a intensidade e a frequência dos episódios são pontos a serem observados: “Todo mundo vive momentos de ansiedade, é natural que a gente se sinta ansioso. Mas esses sentimentos tendem a passar depois que a gente vive a experiência. O que a gente chama de transtorno é uma vivência mais intensa e contínua”, esclarece.
Atenção aos sintomas
Crises de ansiedade são despertadas por um fator desencadeante, chamado de gatilho – como ler uma notícia e pensar na possibilidade de contágio ou receber a informação de que algum familiar está doente.
“O autoconhecimento é muito importante, a pessoa saber como o corpo se comporta em momentos de tensão. Isso ajuda a identificar que o problema é psicológico, o que faz a diferença na hora de buscar ajuda e obter um diagnóstico mais cedo”, ressalta Brenda.
Por isso, fique atento:
- Sensação de quase morte
- Palpitação
- Falta de ar
- Falta de controle sobre a situação
- Sudorese
- Angústia
- Vontade de sair correndo do local
Se isso se torna recorrente e apresenta prejuízos significativos na vida da pessoa, a orientação é procurar ajuda psicológica para que o diagnóstico seja dado e o tratamento possa ser realizado o mais cedo possível.
Estou em crise de ansiedade, e agora?
Existem algumas técnicas que podem ajudar a diminuir a sensação de desespero e fazer com que a pessoa retome a tranquilidade em alguns minutos:
- Retome o controle da respiração: puxe o ar pelo nariz de forma lenta e profunda e solte pela boca devagar. Tente o seguinte exercício: solte todo o ar, depois inspire durante quatro segundos e segure o ar por três segundos; expire novamente e repita até perceber que o ritmo da respiração está voltando ao normal.
- Foque no ambiente: preste atenção no lugar que está ou em algum objeto. Tente descrevê-lo mentalmente, com a maior riqueza de detalhes que conseguir.
- Evite os pensamentos negativos: é difícil controlar a mente em momentos de crise. Por isso, tente repetir frases positivas para se convencer de que vai passar.
- Busque distrações: procure a ajuda de um amigo, converse, ouça música. Tente desviar a mente do foco da ansiedade.
- Evite o consumo de cafeína: essa dica vale para prevenir e também durante episódios de ansiedade. Prefira chás naturais e, em momentos de crise, beba água em goles pequenos para que seu corpo perceba que está funcionando e não corre perigo real.
Invista em uma rotina saudável
No cotidiano, para evitar que se chegue a um momento de grande estresse, as principais dicas são investir no autocuidado e respeitar os próprios limites. Além disso, fazer atividade física, ter uma rotina organizada e retomar algum hobby podem ajudar.
“Cada pessoa lida de uma forma diferente com as situações. Então é importante não se comparar, não tentar fazer além do que você dá conta e reconhecer que há coisas que são impossíveis de controlar. Também é fundamental se acolher, ter empatia consigo mesmo e se priorizar, ter cuidado com o corpo e com as questões emocionais. Precisamos lembrar que para cuidar dos outros, antes a gente precisa estar bem”, aconselha a psicóloga.
Mude seus hábitos
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