Profissionais das Bibliotecas do Sesc/RS relatam a importância de contar histórias e dão dicas de conteúdo on-line para crianças
Você sabia que contar histórias é uma das atividades mais antigas do mundo? A arte era praticada por nossos ancestrais desde o início das habilidades de comunicação e fala, como forma de preservar a cultura, compartilhar conhecimentos, promover momentos de união e até ajudar a passar o tempo.
Séculos depois, a contação de histórias segue presente e cada dia mais atual. Hoje, a prática continua exercendo seus papéis de origem, além de exercer uma função significativa na educação e formação de crianças, ajudando-as a entender o mundo, os valores morais e suas emoções, desenvolver o gosto pela leitura e incentivar a imaginação. E a sua preservação se deve, principalmente, a profissionais que se dedicam a encontrar as melhores formas de passar narrativas, sejam elas reais ou inventadas: os contadores de histórias.
Uma arte democrática
Gostar muito da atividade, estudar sobre o assunto e acompanhar pessoas que são referência na área são as principais dicas de Cássio Borges, auxiliar de Biblioteca do Sesc Passo Fundo, para quem quer ser um contador de histórias. Como já trabalhava com música, resolveu usá-la como elemento em suas contações. A proficiência, que hoje permite que Cássio ministre cursos para professores, veio com a prática – já são seis anos de atividade, quatro deles no Sesc Passo Fundo, trabalhando principalmente com escolas.
Ele explica que há capacitações específicas para quem deseja seguir na profissão, mas a principal coisa a se observar é a vontade: “Tem que querer tanto que seja fácil estudar e ouvir quem é referência. No Brasil tem, por exemplo, o Roberto Carlos Ramos, que faz aquilo de uma maneira tão orgânica que parece que ele está inventando na hora, o Celso Sisto, o Roger Castro, que são grandes mestres. Qualquer pessoa pode contar histórias, por isso é uma das artes mais democráticas que existem – elas podem vir de um lugar que não se espera e chegar facilmente a todos. Ouvi grandes histórias tanto de uma avó que não era alfabetizada quanto de outra que era professora”.
Benefícios para todas as idades
Auxiliar de Biblioteca do Sesc Gravataí, Izadora Fontoura, destaca que, apesar de ser trabalhada principalmente com crianças, a contação de histórias pode ser feita para pessoas de todas as idades e traz diversos benefícios, como o estímulo à leitura e à imaginação. A técnica pode ser também uma grande aliada de professores e profissionais da educação no desenvolvimento social e emocional dos alunos.
“Através da contação, a gente consegue trabalhar temas polêmicos com sensibilidade, como a morte e a saudade, e fazer as crianças entenderem o fluxo da vida de uma forma muito sutil. Também ajuda com o desenvolvimento intelectual, do senso crítico e da comunicação, na convivência com o próximo e com a percepção e expressão dos sentimentos, que evoluem de uma maneira muito natural”, completa Izadora.
Continuidade no ambiente virtual
Com a chegada da pandemia, Cássio e Izadora encontraram nas lives e nas salas virtuais uma forma de continuar exercendo a atividade. Como começaram a contar histórias pelo Facebook e Instagram, conseguiram atingir novos públicos e chegar também a pais e idosos.
Ambos concordam que nada substitui a apresentação presencial, mas consideram que as plataformas on-line são importantes para manter os vínculos com os pequenos. “Antes da pandemia, eu trabalhava na BiblioSesc, Unidade Móvel de Biblioteca do Sesc, e tinha um contato muito grande com as crianças nas comunidades. Eu percebia o impacto que aquilo tinha na vida deles, que aquele às vezes era o único momento em que eles tinham acesso a um livro e que conseguiam sair de uma realidade difícil”, diz Izadora.
“Logo que tudo parou, eu sabia que precisava continuar esse trabalho de alguma forma e seguir cumprindo minha missão de vida. Para mim, contar histórias é uma realização da alma, um momento de muita alegria e de troca de energia com o outro”, finaliza.
Onde encontrar
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