Encontrar amigos e estar em contato com a natureza: conheça a Pesca Esportiva e entenda porque os praticantes são aficionados pela modalidade
Há quem diga que história de pescador é sinônimo de exagero. Também se ouve por aí que pescaria é algo solitário e silencioso. Mas a pesca pode ser um esporte cheio de benefícios, entre eles a concentração, o exercício de baixo impacto e contínuo, a redução do stress e a autoconfiança. Também tem várias particularidades, como um vocabulário cheio de gírias e termos próprios.
Além disso, a Pesca Esportiva é uma prática que proporciona encontrar os amigos, compartilhar experiências e estar em contato com a natureza.
Gírias de pescador
Na pesca profissional ou amadora, é comum ouvir algumas palavras citadas como se fossem óbvias, mas desconhecidas pela maioria das pessoas. Pesquisamos e separamos 20 delas para você:
1. Argolado/ sapateiro – Pescador que termina a pesca sem fisgar nenhum peixe.
2. Arrepiar – Quando o pescador fica com medo ou não quer pescar.
3. Bater fofo – Quando o pescador não capturou nenhum peixe.
4. Calça branca – Pescador de primeira viagem, iniciante.
5. Cevar – Arremessar massa ou iscas na água para atrair os peixes.
6. Corrico – Tipo de pesca com o barco em movimento.
7. Ferrar – Fisgar.
8. Galhada – Abrigo dos peixes próximo à costa.
9. Grub – Isca de borracha ou silicone.
10. Iscólatra – Pescador viciado em iscas artificiais.
11. João-pepino – Pescador que usa isca importada.
12. Linguiceiro – Pescador que só usa isca viva.
13. Lombriga – Peixe pequeno.
14. Matreiro – Pescador que sabe tudo sobre pesca.
15. Mucuceiro – Pescador que mata seus peixes.
16. Muvuco – Local em que o peixe se esconde.
17. Passaguá – Rede usada para tirar os peixes da água.
18. Poita – Pescador preguiçoso.
19. Tá na foto – Quando o pescador consegue tirar o peixe da água.
20. Zóio de lula – Pescador que se aproveita da movimentação dos peixes e joga a isca em cima de outra já posicionada por outro pescador.
Do caiaque à organização da Pesca Esportiva
Amaurel Schneider, técnico em Esporte e Lazer do Sesc Passo Fundo, é um grande incentivador da Pesca Esportiva. Ele começou essa trajetória como praticante de caiaque, como resultado, criou um grupo, o Caiaqueiros do Norte RS. Uma coisa puxou a outra, e os integrantes desse grupo começaram a inserir a Pesca Esportiva na rotina de expedições.
Tempos depois, Amaurel participou de um torneio de Pesca Esportiva que o Sesc Passo Fundo estava apoiando e viu na modalidade uma possibilidade de integração entre as pessoas e bem-estar, tudo a ver com a premissa das ações esportivas desenvolvidas pela instituição. “Quando vi o evento, a quantidade de famílias, pais e filhos, marido e mulher, tive um estalo! Percebi que aquilo estava inserido no propósito do Sesc”, conta.
Surgimento da Pesca Esportiva no Sesc
Foi assim, pelo caráter integrativo da Pesca Esportiva, que uma primeira parceria do Sesc Passo Fundo se tornou um campeonato próprio e, anos depois, se transformou no Circuito Sesc de Pesca Esportiva, que ocorre em diversas cidades e está em sua quarta edição.
“Inicialmente, o forte do campeonato era a premiação em dinheiro. Com o tempo, o atrativo passou a ser a essência do evento, que é ligada à família, ao lazer, ao entretenimento, à natureza e ao cuidado”, explica Amaurel. Outra característica que ele ressalta na Pesca Esportiva é a possibilidade de participação de vários públicos diferentes, com foco na preservação das espécies, diferente do que acontece na pesca predatória.
Preservação da natureza em primeiro lugar
Diferente do que se pensa quando vem em mente a palavra pescaria, a Pesca Esportiva é uma prática que busca, acima de tudo, a valorização do meio ambiente e a preservação dos ecossistemas. Conforme Amaurel, o grande momento relatado pelos participantes não é tirar o peixe da água, nem o registro fotográfico, mas é quando o pescador devolve o peixe na água e vê ele nadar de novo.
“A hora que vemos as costas do peixe nadando e indo embora gera uma sensação realmente gratificante. É isso que diferencia a Pesca Esportiva e o Circuito do Sesc: a preservação, o contato com o meio ambiente e a possibilidade de fazer amigos”, declara.
Casal dentro e fora d´água
Moradores de Farroupilha, o casal Edson, 59 anos, e Bety Nunes, 51, começaram a disputar competições juntos há 8 anos. O interesse pela pesca começou por Edson, incentivado pelo sogro, mas ainda de forma predatória. Depois de assistir a programas de TV que traziam orientações de pescadores profissionais, ele conheceu a Pesca Esportiva e começou a praticá-la, principalmente após se mudarem de Porto Alegre para a Serra gaúcha.
Inicialmente conhecida por apenas acompanhar o marido e garantir o mate para os competidores, aos poucos Bety começou a “colocar a mão na massa”, posteriormente, passo a integrar oficialmente a dupla Casal da Pesca Farr, que tem até perfil no Instagram (www.instagram.com/casalnapescafarr).
Participantes assíduos do Circuito do Sesc
Edson e Bety já disputaram o Circuito Sesc de Pesca Esportiva três vezes, obtendo a sua melhor colocação na edição do ano passado, quando ficaram em nono lugar no geral.
“Quando termina um campeonato, a gente já começa a pensar no outro. Desde o último dia, já estamos ensaiando para o próximo, pensando no que deu errado e podemos melhorar, cuidando detalhes, vendo como o pessoal se comporta e extraindo as coisas boas que observamos nos adversários. As expectativas são as melhores possíveis para essa edição, estamos loucos para encontrar a velha turma, que nem chamamos mais de amigos, mas sim de ‘família Sesc de pesca’”, explica Edson.
Amizade e troca de experiências
A parceria e a troca de vivências é um dos motivos que leva o casal a gostar tanto da modalidade. “O principal é a amizade. A gente compartilha muita experiência de vida, adquire conhecimento e aprimora as habilidades ao receber conselhos dos irmãos e irmãs pescadores”, destaca Edson.
Ele acrescenta ainda que a Pesca Esportiva ajuda a desenvolver o espírito esportivo e ter contato com a natureza, o que proporciona bem-estar e incentiva a preservação do mundo e da vida animal. “Todo esse cuidado que temos com o peixe, de usar anzol sem fisga, fazer o manejo com cuidado e devolver para a água no tempo certo, possibilita que nossos filhos e netos possam dar continuidade a essa atividade”, finaliza.
Circuito Sesc de Pesca Esportiva
O Circuito Sesc de Pesca Esportiva 2021 será disputado em quatro etapas e cidades: Nicolau Vergueiro (05/09), Guaporé (17/10), Nova Pádua (07/11) e Tenente Portela (12/12). Ainda há vagas para o campeonato, e os interessados devem se cadastrar no site www.sesc-rs.com.br/circuitodepesca, onde também está disponível o regulamento. O investimento para participar é de R$ 990 por dupla, pelo combo das quatro etapas, com direito a almoços, brinde do evento e kit pescador composto por número de identificação, medalha de participação e repelente Tchau Mosquito.
A pontuação em cada etapa conta para o ranking geral, que define quem são os campeões estaduais do Circuito. Além da premiação por soma de peso dos peixes fisgados, também serão agraciados quem pegar o maior exemplar (peixe mais pesado), o pescador mais rápido (primeiro peixe fisgado acima de 500g) e até o pé-frio (não pescou nada e ficou por último no sorteio). Enquanto nas etapas municipais os prêmios serão apenas troféus, medalhas e brindes especiais, os três primeiros colocados do ranking ganharão também diárias com acompanhantes em um dos hotéis do Sesc/RS. Mais informações podem ser obtidas no site www.sesc-rs.com.br/circuitodepesca.