Consta na constituição brasileira que as pessoas com deficiência (PCD) tem direito a inclusão em atividades paradesportivas. E de acordo com dados (2019) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 25% da população brasileira possui algum tipo de deficiência.
Apesar de formarem parte considerável da população, a falta de acessibilidade ainda é presente em diversos contextos. Ainda é notável a precariedade no planejamento municipal, na prestação de serviços e até comportamental. Mas a busca por espaço nos esportes tem ampliado a diversidade.
Hoje temos um conjunto de campeonatos e eventos esportivos que focam na inclusão. Vamos falar um pouco de como foi possível conquistar o espaço e visibilidade alcançado até agora. E como podemos melhorar cada vez mais a participação de pessoas com deficiência em diversas atividades.
Conversamos com duas participantes do programa de diversidade do sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Para Todos, Andréia Antunes, do setor de Recursos Humanos, e Amanda Leppa orientadora de educação profissional. O projeto que propõe incluir debates sobre temas de inclusão e diversidade dentro das atividades do sistema.
Como o mundo muda?
Os jogos paraolímpicos ou Paralimpíadas surgiram nos anos 60, com o objetivo de reabilitar militares feridos pela Segunda Guerra Mundial. Por isso, inicialmente os esportes eram adaptados apenas para pessoas com deficiências físicas. Com o grande interesse dessa nova forma de viver os esportes, em 1976, já haviam 40 países participando.
Hoje os jogos contam com 22 modalidades para atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, ou paralisia cerebral), deficiências visuais (cegueira), além de pessoas com deficiências mentais.
O Brasil, passou a participar dos jogos em 1972 e em 1995 surgiu o Comitê Paralímpico Brasileiro. Neste ano, o comitê divulgou um calendário paralímpico com 62 eventos esportivos em 23 capitais brasileiras, com as competições de atletismo, halterofilismo, natação e tiro esportivo.
Atualmente, os atletas paralímpicos brasileiros tem ganho diversas competições e eventos esportivos, além das diversas histórias de vida que estão sendo construídas com empenho. Ainda assim, o espaço midiático é pequeno e momentâneo.
A influência da inclusão esportiva
Larissa Rodrigues, 17 anos, está cursando o terceiro ano do ensino médio e também é atleta da seleção brasileira de natação. Ela conta que seu primeiro contato com o esporte foi na escola. Foi na natação onde descobriu que tinha talento para competir, e a possibilidade de tornar-se uma atleta de alto rendimento.
A atleta conta que tem como inspiração tem os nadadores e medalhistas olímpicos: Michael Phelps, Daniel Dias e Gabriel Araújo. Com destaque para esse último. “Mas o principal de todos assim, que eu vejo que tem uma deficiência severa e consegue desbravar muito dentro da natação é o Gabriel Araújo”, explica.
Foto: ALE CABRAL/CPB
Larissa destaca a aceitação como determinante para uma rápida e significativa mudança social. Segundo ela, a sociedade precisa aceitar e entender que há pessoas que não conseguem se locomover ou comunicar e que precisam de auxílio e ferramentas. Necessitam que as iniciativas públicas e privadas estejam preparadas para atendê-las também.
Como podemos criar um ambiente mais inclusivo?
Já falamos aqui no blog sobre a necessidade que temos em manter hábitos saudáveis, buscando uma alimentação equilibrada e também a prática de exercícios físicos. Mas a saúde envolve também em conviver em ambientes harmônicos em que há a valorização do ser humano, o respeito às diferenças e, a promoção da inclusão e acessibilidade.
- Sempre incluir opiniões e considerações, quando tivermos a possibilidade de ouvir melhorias, problemáticas e novidades sobre o ambiente, comunicação e eventos, inclusive em eventos esportivos.
- Incluir opções de modalidades que possam ser realizadas por pessoas com deficiência nos esportes, como já ocorre para pessoas com deficiências visuais no Circuito Sesc de Corridas.
- Experimentar atividades que pessoas com deficiência vivenciam para que possamos compreender as dificuldades que possam existir, a partir de uma ótica diferente da nossa. E com isso, melhorar e adaptar ambientes e situações para ser mais inclusivo. Por exemplo, praticar esportes tradicionais limitando o uso de membros superiores ou inferiores, ou ainda bloqueando a visão, ou a audição.
- Levar o tema para escolas, ambientes empresariais, coletividades esportivas, entre outros. O protagonismo é importante em diversas situações, para que seja incluso mesmo sem o “capacitismo” de a pessoas ter que entregar algo extraordinário para ser considerada.
Dia do Desafio
Esse ano o Dia do Desafio (DDD) coordenado pelo Sesc no país desde 1995 integrará atividades para pessoas com ou sem deficiência, com prática de esportes paralímpicos, numa rica atividade de empatia.
A Coordenadora de Lazer Sesc/RS, Melissa Stoffel, comenta a ação e o que o DDD deste ano trará de novidade.
“A gente sempre propõe todo o ano dentro do Dia do Desafio uma atividade que seja corporativa, para o estado todo realizar. E esse ano nós trouxemos a questão da inclusão, em todas as unidades do Sesc que serão propostas atividades a ideia é que pelo menos uma seja inclusiva. Um vivência de esporte paralímpico, alguma atividade direcionada a alguma ONG ou instituição que atenda pessoas com deficiência”, comenta.
Melissa ainda cita o projeto de verão, que há sete anos realiza banhos acessíveis com cadeiras anfíbias atendendo pessoas que sozinhas não conseguiriam banhar-se no mar. Ela explica que essas pessoas sempre tiveram esse interesse e disposição não havia quem fornece-se esse equipamento e serviço.
A proposta então é esta, que o público em geral vivencie como é praticar essas atividades especiais para entenderam as dificuldades desse público. Podendo se envolver nessa causa a partir disso, contribuindo de alguma forma e também dando visibilidade para instituições que já realizam algum trabalho ou projeto.
Conclusão
A inclusão no esporte é apenas um dos pontos importantes a serem discutidos e incentivados. Mas dentro da proposta de ter maior bem-estar o contexto é mais abrangente. “Para finalizar, é importante ressaltar que a inclusão e acessibilidade não somente é um direito das pessoas com deficiência, como um dever de cada um enquanto cidadãos, corporação e sociedade. Que cada vez mais os espaços, as conversas e atividades, sejam reprogramadas num tom de respeito e inclusão de todas as pessoas, em suas diversas diferenças”, complementa Andréia.