A música é uma das formas mais democráticas de expressão artística. Através dela, muitas histórias são contadas, memórias e sentimentos são compartilhados, e até mesmo o cérebro humano é beneficiado por suas frequências vibratórias. Não há quem não seja tocado por uma apresentação musical, e é por meio dessa conexão que muitos são profundamente cativados pela música, tornando-se seus propagadores.
Em comemoração ao Dia do Músico, que é celebrado em homenagem a Santa Cecília, padroeira dos músicos e reconhecida pelos católicos do Brasil, vamos explorar um pouco mais sobre essa arte que nos traz tanta felicidade. Para os que estão começando a jornada artística pela música, reunimos algumas dicas úteis com a colaboração de Thiago Perdigão, maestro da Orquestra Jovem do Sesc/RS.
Música e Carreira
Iniciar uma carreira na música pode ser desafiador, especialmente quando se tem grandes planos logo no início. Contudo, a dificuldade não deve ser um impeditivo, pois é possível alcançar o sucesso com perseverança. Mais importante do que a habilidade técnica, é ter uma relação íntima com a música. É fundamental que, mesmo quando ninguém estiver observando, você continue a sentir que a música faz parte de quem você é, tornando-se uma extensão de sua identidade.
Quando você se entrega à experiência musical, viverá momentos únicos e insubstituíveis. Como destaca Thiago Perdigão:
“Cada tipo de músico irá fruir tal experiência ao seu próprio modo, em si diferente da experiência do puro ouvinte: um compositor irá experienciar a sensação de criar e ouvir a própria música ser tocada; um instrumentista ou um cantor entrarão no mundo do compositor a fim de nos legar os seus próprios aprofundamentos neste, as suas próprias verdades a partir da verdade daquele; um arranjador se cercará da riqueza composicional já legada para organizar novas possibilidades sonoras, expandindo nossas percepções; um improvisador atravessará os meandros da criação instantânea e da expressão momentânea a partir da técnica mais sólida e virtuosística, nos mostrando capacidades humanas muitas vezes insuspeitas; um maestro vivenciará o poder de dar unidade ao disperso, isto é, de objetivar uma interpretação e um sentido estético a uma obra cujas possibilidades estão abertas (nos entremeios de uma partitura) e fragmentadas (pelas intenções e interpretações diversas dos vários instrumentistas de uma orquestra). E aquele que for um músico completo, isto é, que puder ser todos estes tipos em um só, fruirá, enfim, a totalidade musical – com certeza uma experiência rara e única!”
Evolução através da Musicalidade
Cada estilo e vibração musical envolve tanto o corpo quanto a mente, criando uma experiência sensorial que pode ser vivida até mesmo por pessoas com dificuldades auditivas. A música tem também um poder regenerativo, sendo utilizada em terapias alternativas e complementares para tratar doenças mentais como Alzheimer, estresse e ansiedade.
Para quem trabalha com música, além dos benefícios diretos do som, a prática contínua também aprimora a criatividade, a coordenação e a concentração. Thiago Perdigão afirma:
“Com a ajuda da música, é possível superar adversidades e vislumbrar novas e criativas possibilidades, tanto para a arte quanto para a vida.”
Para Quem é a Carreira Musical?
Escolher a música como carreira exige, antes de mais nada, uma conexão afetiva com a arte. Afinal, seguir um caminho que você realmente ama torna os desafios mais fáceis de superar. No entanto, além da paixão, é importante reconhecer e entender seus próprios talentos para tornar a jornada menos árdua.
“O campo da música é vasto e pode acomodar as mais diversas pessoas. Não há um limite exato para isso. Contudo, acredito que para cada tipo de músico existem pré-requisitos que podem facilitar sua jornada. Por exemplo, um instrumentista que deseje atingir níveis elevados de performance precisa de um desempenho cognitivo e motor acima da média, além de uma capacidade de concentração e persistência. Da mesma forma, um bom compositor deve ter uma criatividade destacada. Cada área exige habilidades específicas, mas a prática musical pode absorver todos os tipos de pessoas. E isso é fundamental para o desenvolvimento da música como arte, pois o que um músico não faz bem, outro pode fazer melhor, criando um processo de crescimento mútuo.”
Que Recompensa te Aguarda?
Segundo Thiago Perdigão, ao seguir uma carreira musical, a recompensa é tanto interna quanto externa. Internamente, a recompensa vem da experiência de se dedicar a algo profundo, entrando em um “perpétuo continuum artístico” que é moldado pelo legado dos grandes artistas de todas as épocas. Já a recompensa externa se dá pela construção de projetos que podem beneficiar comunidades e públicos diversos, levando alegria a tantos através da música.
“Só deve persistir na música quem verdadeiramente a ama, pois muitas serão as adversidades no caminho. Mas, uma vez superadas, os frutos serão infinitos e os prazeres inigualáveis.”
Orquestra Jovem Sesc
Para quem está iniciando esta jornada com música de concerto, existe no Rio Grande do Sul a Orquestra Jovem Sesc. O programa é uma iniciativa que visa promover a sensibilização musical, instrumental e social, estimulando o desenvolvimento artístico individual dos alunos. Além disso, oferece oportunidades de socialização e vivência musical em grupo, por meio de aulas, ensaios e apresentações, que contribuem para a formação cidadã dos participantes. O projeto busca, assim, a construção de competências humanas, sociais, educacionais e culturais.
Com o apoio de uma bolsa de estudo no valor de R$ 600,00, o programa ajuda a evitar a evasão escolar, permitindo que jovens, que por questões socioeconômicas precisariam ingressar no mercado de trabalho, consigam manter seu envolvimento com atividades culturais. Além da bolsa, serão oferecidos transporte e alimentação. As aulas ocorrerão na Unidade do Sesc de Pelotas/RS, e os interessados podem se inscrever para os cursos de Violino, Viola, Violoncelo e Contrabaixo. Para participar do processo seletivo, o candidato deve ter conhecimentos prévios em leitura de partituras e no instrumento escolhido no momento da inscrição. O projeto é voltado para jovens com idade mínima de 15 anos e máxima de 18 anos, considerando a data de início das aulas em janeiro de 2025.
Acho muito louvável esse incentivo aos jovens, para se engajar , se tornando, um futuro músico profissional, mas acho que deveria ser acrescentado não só instrumento de cordas, mas, também instrumento de sopros
Boa tarde, Luciane! Agradecemos o seu contato e o interesse pelo nosso projeto de Orquestra de Cordas. Ficamos felizes em saber que o projeto desperta tanto entusiasmo e sugestões. Entendemos que a ideia de incorporar instrumentos de sopros e metais é uma proposta interessante e enriquecedora. No entanto, gostaríamos de esclarecer que, neste estágio inicial, o projeto está sendo desenvolvido com foco apenas na formação de uma orquestra de cordas. A inclusão de outros instrumentos, como sopros e metais, está sendo considerada como uma possibilidade para o futuro, caso o projeto evolua e haja uma avaliação técnica e orçamentária favorável para tal expansão. Estamos abertos a sugestões e continuaremos a trabalhar para oferecer o melhor formato possível para todos os envolvidos, sempre com atenção às necessidades e ao desenvolvimento de nosso público. Mais uma vez, agradecemos pelo seu feedback e ficamos à disposição para quaisquer dúvidas ou novas sugestões.