Desde os primeiros ensinamentos da vida, temos em mente o quanto um adulto pode nos ensinar. Seja em casa ou na escola, o adulto ensina e a criança aprende.
Mas… e se estivermos errados quanto a isso? E se os verdadeiros mestres deste mundo forem, na verdade, as crianças?
No dia 28 de abril, celebramos o Dia Mundial da Educação. E para comemorar essa data tão significativa, nada melhor do que adotar uma nova perspectiva sobre essa ferramenta tão poderosa.
Entrando um pouco para o lado filosófico, Albert Einstein deixou uma citação importante: “Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”.
Você já deve imaginar onde quero chegar com essa frase. As crianças são, sem dúvida, os maiores questionadores do mundo. Elas têm uma habilidade natural de fazer perguntas como “por quê?”, “como?” e “e se?”.
A turma da educação infantil do Sesquinho de Cachoeirinha foi além:
“Porque a tristeza sai pelos meus olhos?” “Por que quando estou com medo meu coração acelera?” “Por que quando eu choro não consigo respirar?”
Para alguns adultos, isso pode parecer exaustivo, mas, na verdade, é o mais puro exemplo de aprendizado genuíno. Elas não têm vergonha de perguntar o que não sabem, de experimentar o que nunca viram e de explorar sem medo de errar.
Muitos adultos, por pressão ou rotina, deixam de lado essa vontade de explorar. Essa curiosidade é uma chave que se perde com o tempo. Na educação, deveríamos cultivar mais perguntas do que respostas, mais caminhos do que conclusões.
Os pequenos nos lembram que a educação começa na curiosidade, não na certeza. Nós, adultos, precisamos reaprender a perguntar sem medo do erro.

Crianças aprendem brincando, experimentando, errando, tentando de novo
A brincadeira é uma forma séria de aprendizado. Adultos poderiam se beneficiar ao incorporar mais leveza, criatividade e até ludicidade no processo de ensino-aprendizagem, mesmo em contextos formais.
Enquanto os adultos muitas vezes dividem brincar e aprender como opostos, as crianças sabem que um só existe com o outro. É brincando que elas experimentam regras, desenvolvem empatia, resolvem conflitos e testam hipóteses. Incorporar o lúdico ao processo educativo — em qualquer idade — não é infantilizar, mas humanizar. Aprender pode (e deve) ser prazeroso, e as crianças nos lembram disso a todo momento.
O mesmo ocorre com a nossa criatividade. Quando somos pequenos, tudo ao nosso redor é visto como algo mágico. Não existe limite para a imaginação. A pedra ganha um nome, uma árvore ganha uma história e a nuvem ganha sabor. Quando crescemos, nossa criatividade acaba sendo sufocada pela rotina e pelas preocupações do dia a dia — e muitas vezes não conseguimos mais nos permitir imaginar. Mas devíamos.
Adultos têm medo do erro. Crianças? Tentam, caem, choram, levantam-se e seguem em frente. Elas se frustram, mas tentam de novo. Essa resiliência natural diante dos desafios é essencial para o aprendizado — e algo que os adultos precisam, muitas vezes, reaprender ou fortalecer
Para uma criança, o caminho é tão importante quanto a chegada. Ela valoriza a experiência de aprender, de montar o quebra-cabeça, de desenhar, de fazer perguntas. Muitos adultos se fixam apenas no resultado — nota, diploma, aprovação — e se esquecem do valor do processo.
Crianças ensinam sobre empatia e inclusão sem dizer uma palavra.
Na infância, ninguém liga para a cor da pele, para a roupa que você usa ou se você fala diferente. Elas simplesmente brincam. Isso é educação em sua forma mais pura: convivência, acolhimento, humanidade.
E se fôssemos perguntar para elas o que é tristeza, por exemplo, receberíamos uma resposta como a do Daniel:
“A tristeza as vezes parece um dia de chuva. Também faz chuva no coração e nos olhos”
Ou o que é alegria para o Guilherme:
“Alegria é poder correr no pátio de casa”
São respostas simples, mas com um peso enorme de curiosidade.
Para a Lisiane Oliveira da Silva – Pedagoga / Supervisora Pedagógica Sesquinho Cachoeirinha, essa a curiosidade traduz o verdadeiro papel da educação:
Compreendo que reconhecer a potência da voz das crianças, instigando-as ao questionamento, à pergunta, à curiosidade, traduz-se no verdadeiro papel da educação. Mais do que fornecer respostas e conduzir os sujeitos a um objetivo ideal, educar pressupõe estar com o outro, aprender junto, descobrindo e maravilhando-se com cada passo trilhado. Educação é, sobretudo, construção. Construção que é coletiva, mas que também é singular e identitária de cada contexto escolar e comunidade.
As crianças têm esse poder mágico de nos lembrar do que realmente importa. Elas nos ensinam que aprender pode ser divertido, leve, cheio de cor e afeto. Que errar não é o fim, é só parte do caminho. Que a vida é mais bonita quando vivida com curiosidade, imaginação e olhos brilhando de descoberta.
Para celebrar a Educação, é necessário que a gente se permita reaprender com as crianças. Que a gente se encante de novo. Que a gente brinque mais, pergunte mais, sonhe mais.
Porque no fundo, educar é isso: uma troca de amor, de olhares e de mundos possíveis. E as crianças, ah… elas são as nossas melhores professoras nisso.