Ser voluntário: como praticar a solidariedade pode transformar sua vida

Imagine uma ação que faz bem para quem pratica e quem recebe, que envolve amor e afeto. Isso é ser voluntário! 

Faz bem a não sai de moda. Além de ajudar o próximo, ser voluntario é trilhar um caminho de mudança social e de transformação interna. Isso fica claro quando ouvimos o quanto uma iniciativa de solidariedade, feita por várias mãos, pode impactar de forma positiva aqueles que precisam. 

No dia 28 de agosto, se comemora o Dia Nacional do Voluntariado. Se você já é voluntário, sabe que exercer ações de solidariedade traz benefícios. Se você ainda não é, confira alguns motivos para iniciar.

Voluntariado no Brasil

No Brasil, o trabalho voluntário é regulamentado pela Lei 9.608, de 1998. Ela estabelece como serviço voluntário as ações que tenham objetivos científicos, recreativos, culturais, cívicos, educacionais ou assistenciais.

O IBGE divulgou, em 2018, que 4,3% da população com 14 anos ou mais exercia atividades voluntárias, o que representava 7,2 milhões de pessoas. Hoje, estima-se que esse número é ainda maior. 

Mandamentos do voluntariado

1. Todos podem ser voluntários.
2. Voluntariado é uma relação humana, rica e solidária.
3. Trabalho voluntário é uma via de mão dupla: o voluntário doa e recebe. 
4. Voluntariado é ação. 
5. Voluntariado é escolha. 

6. Voluntariado é compromisso. 
7. Cada um é voluntário a seu modo.
8. Voluntariado é uma ação duradoura e com qualidade.
9. Voluntariado é uma ferramenta de integração social. 
10. No voluntariado, todos ganham. 

Por que é tão bom ajudar o próximo?

1. Viver com propósito e ser mais feliz

Ajudar o próximo faz com que as pessoas se sintam úteis para a sociedade. Ao fazer o bem, contribuímos para que o mundo seja um lugar melhor e nos colocamos como peças importantes nesse processo. Ou seja, damos sentido à vida e nos sentimos mais preparados para as adversidades. 

De acordo com a psicóloga Carla Furtado, o conceito teórico de felicidade dá conta de que ela é uma construção diária, baseada em dois pilares: sentido de vida/ propósito e emoções positivas. “Para desenvolvermos uma reserva de resiliência é interessante ter um senso de autoeficácia, ao reconhecer no que somos bons, valores, virtudes e talentos”, afirmou ela, ao descrever que o sentido de vida e o propósito são âncoras para passar por momentos difíceis. Aqui, o voluntariado é uma peça fundamental.

2. Fazer o bem ativa um sistema de recompensa

A Neurociência explica: pessoas que fazem o bem ativam “sistemas de recompensa” no cérebro. Ou seja, ser solidário faz com que os seres humanos se sintam bem, como acontece se experimentam episódios prazerosos como ouvir elogios, comer algo que gostam ou receber uma quantia em dinheiro. Isso foi comprovado em exames de ressonância magnética. 

O médico e neurocientista Jorge Moll Neto contou, em entrevista ao Jornal Extra, que ao fazer doações, as pessoas ativam dias regiões do cérebro: o córtex subgenual e a área septal, que estão relacionadas ao sentimento de pertencimento: “Essas regiões estão envolvidas, por exemplo, no cuidado que uma mãe tem com o filho e na união entre casais. Ou seja, quando você age em favor de uma causa ou princípio importante, você está ativando um sistema que foi desenvolvido ao longo de milhões de anos para promover os laços familiares e de amizade”, relata Jorge Moll Neto, em entrevista disponível aqui.  

3. Ser voluntário ajuda a ter empatia

Ter empatia é conseguir olhar com o olhar do outro. É criar conexões fortes, a ponto de conseguir se colocar no lugar de outra pessoa. Assim, ser empático é um ciclo cheio de energia: surge da interação com outras pessoas e também nos ajuda a criar essas ligações. Tudo a ver com o ato de ajudar quem precisa.

“Ser voluntário é olhar o outro com empatia, é procurar ser justo nas coisas que fazemos, é aceitar as diferenças, é respeitar o outro e ter atitudes respeitosas”

coordenadora de Ação Social do Sesc/RS, Luciana Basile

4. Exemplo para das próximas gerações

Construir um mundo melhor é um dos objetivos do voluntariado. Isso é grandioso, principalmente porque pode ser feito através de ações simples do dia a dia. É assim que surgem os projetos de solidariedade: pela união de esforços de pessoas que se dispõem a fazer pequenas coisas com muito amor.

Luciana é assistente social e conta que o voluntariado chegou cedo em sua vida. Hoje, é a essência vinda da solidariedade que ela tenta passar para sua filha, Alice, de seis anos: “Cresci vendo minha mãe envolvida em causas sociais. Isso fez parte da minha história de vida. Na adolescência, lembro de levarmos almoço em uma comunidade muito carente. Também contava histórias para crianças da Pediatria do Hospital. Todas essas experiências me ajudaram a me constituir como ser humano, a entender o meu papel no mundo. E hoje eu procuro passar para minha filha. É dessa forma que acredito que vamos construir um mundo melhor”, declara.

5. Oportunidade de desenvolvimento profissional

As empresas têm investido cada vez mais em programas de voluntariado. Um exemplo disso é o que ocorre na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. A assistente social Melissa Assmann Saraiva lembra que ingressou na instituição em 2001, como estagiária. Hoje, ela é supervisora do Serviço Social e Programa Santa Casa de Voluntariado, que soma 20 anos, 336 voluntários diretos e ONGs parceiras, além do Sesc, que capacita voluntários e encaminha para a prática no local. 

“O Programa de Voluntariado da Santa Casa é voltado à área de apoio, lazer e recreação, para pensar em ações que não estão nas funções do nosso colaborador. As pessoas saem das suas casas para fazer uma atividade porque querem doar seu tempo em prol do outro, seja com a criança, seja com o idoso, seja com o adulto, seja com o paciente oncológico“, diz. 

6. Ter mais resiliência diante das adversidades

Melissa conta que são inúmeras as histórias de pessoas que relatam que o voluntariado é transformador. Em sua prática profissional diária, ela observa que os voluntários se sentem realizados, mesmo diante de um cenário de pandemia no ambiente hospitalar. Para ela, estar perto do voluntariado traz leveza.

“As pessoas estão aqui porque querem. A pandemia foi uma divisora de águas, foi muito difícil ter a Santa Casa sem ter um corpo de voluntários aqui dentro. Nós suspendemos o programa dia 15 de março de 2020 e retomamos gradativamente as atividades em março de 2021. A partir daí fomos retomando as atividades”, ressalta Melissa, esperançosa de retomar o programa em sua totalidade. 

A assistente social acrescenta: “Sou uma pessoa privilegiada, recebi o presente de poder me envolver com as questões do voluntariado na minha prática profissional. É uma coisa que me traz leveza, energia, boas vibrações, que me faz pensar no outro, no que podemos fazer para ajudar”.

Mas então… Como começar?

Inicie pela capacitação

Você pode ajudar o próximo com várias ações no seu dia a dia. Doar alimentos em campanhas de arrecadação ou transferir dinheiro que serão convertidos em benefícios para entidades sociais, por exemplo, são formas simples de ajudar. Se quiser começar agora mesmo, o Mesa Brasil Sesc é uma rede de solidariedade confiável, que atua em todo País. Acesse o site e confira (www.sesc-rs.com.br/mesabrasil). 

Se você quer ter um envolvimento maior e ingressar no trabalho voluntário doando seu tempo e seu conhecimento, nossa sugestão é começar pela capacitação. Um curso de preparação para o voluntariado pode ser útil para identificar o tipo de trabalho voluntário que combina com você e suas habilidades, para nortear sobre instituições sérias e sobre as competências que são importantes para você se envolver com causas sociais. 

Saiba onde procurar

O Sesc/RS atua com Programas de Voluntariado em sete cidades: Porto Alegre, Cachoeira do Sul, Erechim, Ijuí, Lajeado, Rio Grande e Santa Maria. O objetivo é estabelecer uma rede de voluntários e entidades sociais, oferecendo capacitação e acompanhamento técnico. O Programa forma voluntários e articula suas ações através de entidades sociais parceiras que, por sua vez, também recebem capacitação na área de gestão. 

Para se adaptar à pandemia, o Programa Sesc de Voluntariado criou o curso preparatório na versão on-line. Confira as turmas em aberto clicando aqui (www.sesc-rs.com.br/acaosocial/voluntariado). 

Inspire-se em histórias de sucesso

Muias são as histórias de voluntariado que podem servir como exemplos. Durante a Semana do Voluntariado, o Sesc/RS divulgou depoimentos de pessoas que fazem parte dessa rede. Os relatos foram apresentados em forma de vídeos gravados pelos próprios voluntários. Acesse o site (www.sesc-rs.com.br/semanasescdevoluntariado) e assista!